As 7ªs séries A, B e C apresentam:

Orfeu e Eurídice

Dédalo e Ícaro

Píramo e Tisbe

Os textos das peças

Conheça os textos de nossas peças:



Dédalo e Ícaro


            O labirinto onde vivia o Minotauro, em Creta, tinha sido construído por Dédalo, um arquiteto e artesão maravilhoso, inteligente e engenhoso, hábil em todas as artes.
            Acontece que Minos, o rei que ordenara a construção dessa obra terrível, achou que Dédalo tinha sido o responsável por deixar escapar um segredo sobre o labirinto. Por isso, mandou prender em uma enorme torre Dédalo em companhia de seu filho e ajudante Ícaro.
            Essa torre ficava perto do palácio de Minos, cercada de guardas, e se abria para um pátio sobre o mar revolto. Bem no alto de um rochedo. Impossível descer dali. Impossível pular e sair nadando ou navegando. O mar era muito bravo. Impossível também era sair andando pelos corredores em busca de saída. Havia muitos guardas por lá. 
            Pai e filho vivem ali com o que lhe entregam os soldados do rei.
            - Se estão fechados os caminhos por terra e por mar, vou ter de fugir pelos ares... constatou Dédalo. – Minos não pode controlar o ar.
            E foi o que fez. Observando os pássaros que voavam, teve uma idéia. Durante muito tempo, foi juntando penas das aves marinhas que vinham pousar naquele terraço aberto sobre o penhasco. Também atraiu abelhas para que fizessem colméias lá em cima, até poder ter uma boa quantidade de cera.
                        Finalmente, reuniu todo o material de que necessitava. Com as penas dos pássaros, construiu asas para si mesmo e para Ícaro. Prendeu as penas maiores com fios e as menores com a cera, dando ao conjunto uma curvatura delicada como a das asas dos pássaros.
            - Vamos fugir voando sobre o mar, Ícaro! Mas atenção, meu filho, tenha muito cuidado. Não voe muito baixo, para que a umidade do mar não empurre as asas. Nem muito alto, perto do sol, porque o calor intenso pode ser perigoso. Fique perto de mim e estaremos seguros, os dois.
            Então se preparam, respiraram fundo e saíram voando, elevando-se nos céus!
            Os pastores da costa se apoiavam em seus cajados para contemplá-los a se afastar de sua companhia. Os pescadores, em alto-mar olhavam admirados e supunham que aqueles seres deviam ser deuses.
            Eufórico com o voo, Ícaro foi se esquecendo dos conselhos do pai e começou a voar cada vez mais rápido, e tentava ir cada vez mais alto. Quem sabe não conseguiria até chegar ao sol? O deus Apolo ia se surpreender ao vê-lo de perto...
            Mas o calor começou a derreter a cera que prendia as penas e essas foram se soltando, uma a uma, tirando o equilíbrio do rapaz e descontrolando seu voo. Acabaram por desprender-se completamente. Ícaro não conseguia mais voar e despencou nas águas azuis do mar.
            Dédalo de repente o procurou e não o viu mais.
            - Ícaro, cadê você, meu filho?
            Mas não adiantou chamar.
            - Ícaro! Ícaro!
            O rapaz não respondia e não era visto em parte alguma. Finalmente, Dédalo percebeu as penas flutuando lá embaixo sobre as águas. Desolado, compreendeu o que tinha ocorrido. Por maior que fosse sua dor, não podia fazer mais nada.
           
            Dédalo continuou voando até a Sicília. Lá, construiu um templo para Apolo e depositou como oferenda as asas que o tinham salvado.
           
Píramo e Tisbe

            Há muitos e muitos anos, vivia na Babilônia um rapaz chamado Píramo, o mais belo dos jovens de seu tempo. Bem ao lado da casa dele, separada apenas por um muro, vivia Tisbe, a mais linda jovem do Oriente. Sendo vizinhos, acabaram se encontrando e ficando amigos. Mais que isso, em pouco tempo aquela amizade virou amor e começaram a falar em casamento. Acontece, porém, que as famílias não queriam aquela união e proibiram o namoro. Os dois não podiam nem se falar. Quanto mais se ocultavam, mais o amor escondido ardia e abrasava.
            Havia um muro que separava os dois quintais, e neste muro existia uma rachadura que tinha virado uma pequena fresta. Tão apertada que passava despercebido de todos. Mas nada escapa dos olhos apaixonados! Píramo e Tisbe logo descobriram que podiam conversar sussurrando por esse canal.
            Passavam o dia todo murmurando ao lado do paredão. De noite, se despediam beijando as pedras do muro.
            Mas o tempo foi passando e os amantes não agüentavam mais aquela situação. Por isso, resolveram que, naquela noite, cada um tentaria passar pelos guardas e escapulir da casa. Depois que fugissem, iriam encontrar-se fora da cidade. Para não se perderem, marcaram um encontro junto a um túmulo que havia no campo, ao lado de uma imensa amoreira. E, como bem pertinho havia uma fonte de água fresca, seria um lugar perfeito para uma espera.
            Quando a noite chegou, Tisbe conseguiu abrir a porta e sair com facilidade, sem que ninguém a visse. Píramo acabou demorando mais, pois os seus pais ficaram conversando na sala, bem aonde estava a única porta por onde ele poderia fugir sem ser visto.
            Envolta num véu, chegou ao local combinado e ficou bem debaixo da amoreira, cujos frutos nesse tempo eram branquinhos como a neve e brilhavam sob a lua. Mas daí a pouco, apareceu uma leoa que acabava de caçar e, ainda com a boca gotejando sangue, vinha beber água na fonte. À luz do luar, Tisbe viu o animal se aproximando e correu para se abrigar numa caverna próxima. Na corrida, deixou cair o véu. A leoa encontrou o tecido e avançou sobre ele, rasgando o pano e o deixando todo sujo de sangue. Depois, bebeu água e foi embora.
            Píramo só conseguiu chegar mais tarde. Viu as pegadas da fera e ficou pálido. Pior ainda, viu o véu de Tisbe, estraçalhado e ensangüentado. Desesperou-se. Achou que Tisbe tinha sido devorada por um leão e a culpa era dele, que a convencera a ir sozinha de noite a um lugar perigoso e não conseguira chegar a tempo para estar lá à sua espera. Chorando, abraçado ao véu de Tisbe, sacou a espada e a enterrou no próprio peito. O sangue jorrou longe a abundante, e esguichou sobre a raiz da amoreira e sobre as amoras que foram tingidas por aquela cor púrpura.
            Ansiosa para não desapontar seu amado, Tisbe voltou, olhando em volta à procura dele, e louca para lhe contar sua aventura e o perigo de que tinha escapado. Quando viu Píramo no chão, morto e coberto de sangue ficou fora de si, chorou muito. Ao distinguir que as mãos do rapaz seguravam seu véu rasgado e a espada estava fora da bainha, percebeu o que ocorrera. Segurou então a espada com firmeza e se lançou sobre ela para morrer também, no aço ainda quente do corpo do amado.
            Com tristeza, os deuses guardaram para sempre a lembrança dos dois nos frutos da amoreira – cor de sangue antes de amadurecer, e pretos de luto no apogeu da doçura, quando ficam no ponto para serem colhidos.

            E ao amanhecer, as duas famílias, finalmente, constatando a que ponto sua intransigência tinha levado os dois namorados, consentiram que Píramo e Tisbe ficassem unidos para sempre e guardaram as cinzas dos dois na mesma urna.

Orfeu e Eurídice

            Orfeu, o filho de Apolo, era ainda melhor músico do que o pai. Quando tocava sua lira, diziam, o vento parava de soprar, os homens paravam de brigar, e até as pedras amoleciam. Sua música tinha uma poderosa magia. Só havia uma coisa no mundo que Orfeu amava mais do que a música; sua mulher. Uma ninfa chamada Eurídice. E ela o amava profundamente também. Eram um casal muito feliz.    
            Mas a felicidade dura pouco entre os gregos. Certo dia, Eurídice estava no campo colhendo flores e frutas, quando estava sendo observada por Sátiros. Era um ser metade bode metade gente, e tinha a fama de ser violento com as mulheres. Sátiros atacou Eurídice, e ela tentou fugir com todas as suas forças, correu pelos campos loucamente, mas Sátiros possuía patas de bode, mais velozes que pernas humanas, e acabou alcançando Eurídice. Desesperada, lutou com o monstro mesmo no chão, e no meio da confusão acabou caindo na toca de víboras venenosas.
            Eurídice foi mordida diversas vezes. Sátiros escapou.
            Orfeu chegou a ouvir os gritos da amada, foi o mais rapidamente possível ao seu encontro, mas quando a encontrou era tarde. Eurídice já estava morta.
            Orfeu a amava tanto que chorou como nenhum outro ser humano jamais chorou por alguém. Orfeu se recusava a aceitar aquela perda, era dolorosa demais. Então ele decidiu desafiar Hades e trazer sua esposa de volta do mundo dos mortos.
            A vida não podia continuar sem Eurídice, pegou a única arma que tinha - sua lira - e começou a descida aos infernos.
            Com suas belas e tristes canções, conseguiu enfeitiçar Caronte, o barqueiro, era ele quem transportava os mortos por um sinistro rio até a porta do Hades.
            Chegando na outra margem, Cérbero o esperava. Era um cão negro terrível, enorme, com três cabeças e dentes afiados como facas. Orfeu tocou sua lira novamente e o cão se tornou manso, deitou suas três cabeças no chão e deixou que o herói passasse.
            Quem o esperava agora era o próprio Hades. Levantou-se de seu trono e foi atrás da música que ouvira. Até mesmo o senhor dos mortos se emocionou e chorou com a melodia dedilhada na lira. Tocado pelo poder da música e do amor, Hades decidiu dar uma chance a Orfeu: Orfeu poderia levar Eurídice de volta com uma condição. Que saísse do Hades e fizesse o caminho de volta, mas deveria confiar que sua amada o estaria seguindo a poucos metros, e ele não poderia olhar para trás nenhuma vez. Se virasse para trás, ele a perderia para sempre.
            Assim, foram caminhando pelas pedras, avançando para fora. Conforme Orfeu chegava mais e mais perto da superfície, sentia a dúvida crescer em seu peito. Estaria Hades zombando de seus sentimentos? Será que aquilo não passava de um truque do rei do mundo subterrâneo? Será mesmo que Eurídice estava a poucos passos de si? E por que não ouvia seus passos, não sentia o seu perfume? Por fim, quando já viam a luz da superfície, ele não agüentou e se virou para trás e viu Eurídice! Quando os olhares se cruzaram, ela foi arrastada para a escuridão, de onde nunca mais sairia. Orfeu ainda escutou os gemidos da amada. Não havia mais o que fazer.
            Orfeu vagou pelo resto de sua vida, tocando em sua lira músicas tão tristes como jamais se ouviu. Nunca mais ficou com nenhuma outra mulher, ainda que sua beleza e sua arte as seduzissem.
            Até que um dia, as ninfas da Trácia tentaram seduzi-lo e foram rejeitadas como todas as outras. Com raiva, decidiram matá-lo. Atiraram suas flechas e pedras, mas a música fez com que caíssem no chão antes de atingir Orfeu.
            Porém, as mulheres fizeram uma gritaria que abafou o som da música e as flechas então se sujaram com o sangue de Orfeu.
            Furiosas, elas destroçaram o seu corpo, arrancaram sua cabeça, e atiraram os pedaços junto com sua lira no rio Orfeu.
            A sombra de Orfeu finalmente entrou no Hades e se abraçou a Eurídice, onde estarão eternamente juntos. Quanto a lira, Zeus a retirou do rio e a transformou em uma estrela brilhante no céu noturno.

Adaptações para as peças feitas por Pedro Marques. O livro que usamos nas aulas e foi base para as adaptações de Píramo e Tisbe e Dédalo e Ícaro foi esse:

Classicos De Verdade

Organizadora: MACHADO, ANA MARIA
Editora: NOVA FRONTEIRA



E para Orfeu e Eurídice utilizamos adaptação também feita por mim baseada no livro abaixo:


Livro De Ouro Da Mitologia, O
Autor: BULFINCH, THOMAS
Editora: EDIOURO (RJ)